O câncer de colo do útero é uma das principais causas de mortalidade por câncer entre mulheres no Brasil. Causado principalmente pela infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV), essa neoplasia pode ser prevenida e diagnosticada precocemente por meio do rastreamento periódico. O Ministério da Saúde do Brasil adota estratégias de rastreio populacional baseadas na realização do exame preventivo (Papanicolau), garantindo a detecção precoce de lesões precursoras e reduzindo significativamente os casos avançados da doença.
Neste artigo, abordaremos as diretrizes do Ministério da Saúde para o rastreamento do câncer de colo do útero, quem deve fazer o exame e quais são as estratégias de prevenção adotadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O que é o câncer de colo do útero?
O câncer de colo do útero se desenvolve a partir da infecção persistente pelo HPV, especialmente pelos subtipos oncogênicos, como o HPV-16 e o HPV-18. Essa infecção pode levar a alterações celulares progressivas, culminando em lesões precursoras ou no desenvolvimento da neoplasia invasiva.
A doença pode ser assintomática em seus estágios iniciais, mas, quando avançada, pode manifestar sintomas como sangramento vaginal anormal, dor pélvica e corrimento com odor desagradável. Por esse motivo, o rastreamento é essencial para a detecção precoce e o tratamento das lesões precursoras.
Diretrizes do Ministério da Saúde para o rastreamento
O Ministério da Saúde do Brasil preconiza que o rastreamento do câncer de colo do útero seja realizado por meio do exame de Papanicolau, também chamado de exame citopatológico. As principais diretrizes incluem:
1. Quem deve realizar o exame?
- Mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram atividade sexual.
- O exame deve ser realizado a cada três anos, após dois exames consecutivos normais com intervalo anual.
- Mulheres que nunca realizaram o exame devem ser priorizadas nos serviços de saúde.
2. Como é feito o exame Papanicolau?
- O exame consiste na coleta de células do colo do útero com uma espátula e escovinha, que são fixadas em lâmina para análise laboratorial.
- A coleta é rápida, geralmente indolor e realizada em unidades básicas de saúde do SUS.
3. Quando interromper o rastreamento?
- Mulheres que atingirem 64 anos, desde que tenham pelo menos dois exames normais nos últimos cinco anos.
- Mulheres que realizaram histerectomia total (retirada do útero) por condições benignas, sem histórico de lesões precursoras, não precisam continuar o rastreamento.
4. O que acontece se o resultado for alterado?
- Se forem encontradas alterações sugestivas de lesões precursoras, a mulher será encaminhada para exames complementares, como a colposcopia com biópsia.
- Em casos confirmados de lesões de alto grau, o tratamento precoce pode evitar a progressão para o câncer invasivo.

Papel da vacinação contra o HPV na prevenção
Além do rastreamento, a vacinação contra o HPV é uma estratégia fundamental para reduzir a incidência do câncer de colo do útero. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece gratuitamente a vacina contra o HPV para:
- Meninas e meninos de 9 a 14 anos.
- Pessoas imunossuprimidas de 9 a 45 anos (portadores de HIV, transplantados e pacientes em tratamento oncológico).
A vacina protege contra os tipos mais oncogênicos do HPV e é mais eficaz quando administrada antes do início da vida sexual.
Desafios e cobertura do rastreamento no Brasil
Apesar das recomendações, a adesão ao rastreamento e à vacinação contra o HPV ainda apresenta desafios no Brasil. Entre os principais problemas estão:
- Baixa cobertura da vacinação devido à falta de informação e receios infundados sobre a vacina.
- Dificuldade de acesso ao exame Papanicolau, especialmente em áreas remotas.
- Descontinuidade no rastreamento, com muitas mulheres não retornando para exames de seguimento.
Para enfrentar esses desafios, campanhas de conscientização e ampliação do acesso aos serviços de saúde são fundamentais.
Conclusão
O rastreamento do câncer de colo do útero no Brasil, conforme diretrizes do Ministério da Saúde, é um pilar essencial na prevenção da doença. A realização periódica do exame de Papanicolau, aliada à vacinação contra o HPV, pode reduzir significativamente a mortalidade por esse câncer.
A adesão das mulheres ao rastreamento e o incentivo à vacinação dos jovens são estratégias fundamentais para o controle da doença. É essencial que os profissionais de saúde e a sociedade se unam para aumentar a conscientização e ampliar o acesso aos serviços preventivos.
Se você está dentro da faixa etária recomendada para o rastreamento ou tem filhos na idade de vacinação contra o HPV, procure uma unidade de saúde e proteja-se!